JOÃO ARTACHO JURADO
João Artacho Jurado, nascido em São Paulo em 3 de setembro de 1907, foi um arquiteto autodidata e empresário paulista, proprietário da Construtora e Imobiliária Monções S/A, responsável pela construção de diversos edifícios residenciais - alguns de uso misto - nas cidades de São Paulo e Santos.
Filho dos imigrantes espanhóis Ramón Artacho e Dolores Jurado, João começou a trabalhar na década de 1930 e sua produção se aprofundou nas décadas de 40 e 50. Apesar de não ser arquiteto, Artacho Jurado idealizava os prédios e pedia para algum arquiteto assinar as plantas. Artacho não frequentou escolas pois seu pai, que era anarquista, se recusava a deixar seu filho jurar a bandeira, cerimônia obrigatória nas escolas da época.
Projetava suas obras ao som de ópera. Sua arquitetura reflete os sonhos hollywoodianos do pós-guerra em uma mistura de estilos e linguagens: o moderno, o nouveau, o déco e o clássico. Visando a classe média-alta e alta, seus edifícios eram projetados com uma série de serviços e opções de lazer: piscina, terraço com bar na cobertura, onde eram promovidas as festas de inauguração.
Iniciou sua carreira entre a publicidade - projetando placas e letreiros em neon - e as feiras, desenhando estandes inspirados no art-déco, de 1930 a 1944, ano em que se tornou construtor. Fundou, junto do irmão Aurélio Artacho Jurado, a construtora Anhanguera - construindo casas e pequenos edifícios - , que depois se tornou Construtora e Imobiliária Monções, em 1946, iniciando suas grandes obras.
Constantemente fiscalizado pelo CREA, nas placas de suas obras seu nome não podia figurar em tamanho maior do que o nome do engenheiro responsável. No entanto, Artacho Jurado dificilmente obedecia à imposição, aumentando a ira de alguns arquitetos, que consideravam ultrajante sua atuação profissional, visto que ele não era arquiteto formado.
O reconhecimento de suas obras foi tardio, uma vez que nunca lhe foi permitido assiná-las. Inicialmente refutado, como kitsch, a partir da década de 1990, já após sua morte, recuperou o prestígio.
Principais edifícios
Em Santos
Edifício Enseada - Avenida Bartolomeu de Gusmão, 180
Edifício Parque Verde Mar - 1957 - Avenida Vicente de Carvalho, 6
Em São Paulo
Edifício Duque de Caxias - 1947 - Rua Barão de Campinas, 243 (esquina com Duque de Caxias), Campos Elísios
Edifício Pacaembu - 1948 - Avenida General Olímpio da Silveira, 386, Santa Cecília
Edifício Piauí - 1949 - Rua Piauí, 428, Higienópolis
Edifício General Jardim - 1951 - Rua General Jardim, 370 (esquina Rua Amaral Gurgel), Vila Buarque
Edifício Cinderela - 1956 - Rua Maranhão, 163 (esquina com Rua Sabará), Higienópolis
Edifício Viadutos - 1956 - Praça General Craveiro Lopes, 19 (na confluência dos viadutos Nove de Julho e Jacareí), Centro
Edifício Planalto - 1956 - Rua Maria Paula, 279 - Centro
Edifício Parque das Hortênsias - 1957 - Avenida Angélica, 1106, Higienópolis
Edifício Apracs - 1957 - Avenida Higienópolis, 578, Higienópolis (originalmente "Edifício Parque das Acácias")
Edifício Saint-Honoré - 1958 - Avenida Paulista, 1195, Jardim Paulista
Edifício Louvre - 1958 - Avenida São Luís, 192, Centro Novo
Edifício Bretagne - 1959 - Avenida Higienópolis, 938, Higienópolis
Conjunto Tradição Brasileira - 1959/1963 - Avenida Higienópolis, 195, Higienópolis (Edifícios: Brasil República, Império e Colônia)